Darcy Ribeiro se interessou bastante por futurizar. E o fez em registros e em momentos distintos, deixando seus exercícios de futurização articulados a predicações não necessariamente homogêneas ou somáveis entre si. O estudo sistemático dessa faceta de sua obra é relevante por si mesma: Darcy Ribeiro é um autor clássico das ciências sociais latino-americanas. Sua relevância aumenta se considerarmos que o estudo de suas elaborações futuristas pode nos ajudar a circunscrever melhor aspectos-chave da experiência latino-americana de “crise do tempo”, “mudança de regime de historicidade”, advento do “presentismo”. As interrogações sobre a pertinência dessas categorias e a datação e a caracterização do processo a que aludem constituem um objeto de estudo significativo, pleno de arestas debatíveis, e, exatamente por isso, fasc- inante.

Ed. Elefante - 314 pág. - brochura

 

***

Nosso destino é nos unificarmos com todos os latino-americanos por nossa oposição comum ao mesmo antagonista, que é a América anglo-saxônica, para fundarmos, tal como ocorre na comunidade europeia, a Nação Latino-Americana sonhada por Bolívar. Hoje, somos quinhentos milhões, amanhã seremos um bilhão. Vale dizer, um contingente humano com magnitude suficiente para encarnar a latinidade em face dos blocos chineses, eslavos, árabes e neobritânicos na humanidade futura. Somos povos novos ainda na luta para nos fazermos a nós mesmos como um gênero humano novo que nunca existiu antes. Tarefa muito mais difícil e penosa, mas também muito mais bela e desafiante. Na verdade das coisas, o que somos é a nova Roma. Uma Roma tardia e tropical. O Brasil é já a maior das nações neolatinas, pela magnitude populacional, e começa a sê-lo também por sua criatividade artística e cultural. Precisa agora sê-lo no domínio da tecnologia da futura civilização, para se fazer uma potência econômica, de progresso autossustentado. Estamos nos construindo na luta para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma. Mais alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais humanidades. Mais generosa, porque aberta à convivência com todas as raças e todas as culturas e porque assentada na mais bela e luminosa província da Terra.

— Darcy Ribeiro

 

SOBRE O AUTOR

Darcy Ribeiro nasceu em Montes Claros (MG) em 26 de outubro de 1922. Destacou-se como um dos mais brilhantes intelectuais brasileiros. Fundou a Universidade de Brasília em 1962 e a Universidade Estadual do Norte Fluminense em 1993. Foi ministro da Educação (1962-1963) e chefe da Casa Civil (1963-1964) durante o governo de João Goulart, derrubado pelo golpe de 1964. No exílio, entre 1964 e 1976, trabalhou como professor universitário em diversos países latino-americanos. Após a abertura, exerceu os cargos de vice-governador do Rio de Janeiro (1983-1986) e de senador da República (1991-1997). É autor de uma vasta obra nos campos da antropologia, da etnologia e da educação. Escreveu ainda ensaios e romances. Faleceu em Brasília em 17 de fevereiro de 1997.

 

SOBRE OS ORGANIZADORES

Andrés Kozel é sociólogo formado pela Universidade de Buenos Aires (UBA) e doutor em estudos latino-americanos pela Universidade Nacional Autónoma de México (Unam), com pós-doutorado no Colegio de México. É pesquisador no Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (Conicet) da Argentina, baseado no Laboratorio de Investigación en Ciencias Humanas da Universidad Nacional de San Martín (Unsam). É editor da coleção Pensamiento Latinoamericano da editora TeseoPress e da revista latino-americana de estudos das ideias Wirapuru.

Fabricio Pereira da Silva é professor da graduação em ciência política e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), e do Mestrado em Estudos Contemporâneos da América Latina da Universidad de la República (Udelar) do Uruguai. É doutor em ciência política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e pós-doutor pelo Instituto de Estudios Avanzados da Universidad de Santiago de Chile (Usach). É autor de Democracias errantes: reflexões sobre experiências participativas na América Latina (Ponteio, 2015) e América Latina em seu labirinto: democracia e autoritarismo no século XXI (Ponteio, 2019), além de ter escrito diversos trabalhos sobre teoria política, política latino-americana e pensamento latino- americano e africano.

OS FUTUROS DE DARCY RIBEIRO - Autor: Darcy Ribeiro Organização: Andrés Kozel & Fabricio Pereira da Silva PRÉ-VENDA

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Darcy Ribeiro se interessou bastante por futurizar. E o fez em registros e em momentos distintos, deixando seus exercícios de futurização articulados a predicações não necessariamente homogêneas ou somáveis entre si. O estudo sistemático dessa faceta de sua obra é relevante por si mesma: Darcy Ribeiro é um autor clássico das ciências sociais latino-americanas. Sua relevância aumenta se considerarmos que o estudo de suas elaborações futuristas pode nos ajudar a circunscrever melhor aspectos-chave da experiência latino-americana de “crise do tempo”, “mudança de regime de historicidade”, advento do “presentismo”. As interrogações sobre a pertinência dessas categorias e a datação e a caracterização do processo a que aludem constituem um objeto de estudo significativo, pleno de arestas debatíveis, e, exatamente por isso, fasc- inante.

Ed. Elefante - 314 pág. - brochura

 

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Nosso destino é nos unificarmos com todos os latino-americanos por nossa oposição comum ao mesmo antagonista, que é a América anglo-saxônica, para fundarmos, tal como ocorre na comunidade europeia, a Nação Latino-Americana sonhada por Bolívar. Hoje, somos quinhentos milhões, amanhã seremos um bilhão. Vale dizer, um contingente humano com magnitude suficiente para encarnar a latinidade em face dos blocos chineses, eslavos, árabes e neobritânicos na humanidade futura. Somos povos novos ainda na luta para nos fazermos a nós mesmos como um gênero humano novo que nunca existiu antes. Tarefa muito mais difícil e penosa, mas também muito mais bela e desafiante. Na verdade das coisas, o que somos é a nova Roma. Uma Roma tardia e tropical. O Brasil é já a maior das nações neolatinas, pela magnitude populacional, e começa a sê-lo também por sua criatividade artística e cultural. Precisa agora sê-lo no domínio da tecnologia da futura civilização, para se fazer uma potência econômica, de progresso autossustentado. Estamos nos construindo na luta para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma. Mais alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais humanidades. Mais generosa, porque aberta à convivência com todas as raças e todas as culturas e porque assentada na mais bela e luminosa província da Terra.

— Darcy Ribeiro

 

SOBRE O AUTOR

Darcy Ribeiro nasceu em Montes Claros (MG) em 26 de outubro de 1922. Destacou-se como um dos mais brilhantes intelectuais brasileiros. Fundou a Universidade de Brasília em 1962 e a Universidade Estadual do Norte Fluminense em 1993. Foi ministro da Educação (1962-1963) e chefe da Casa Civil (1963-1964) durante o governo de João Goulart, derrubado pelo golpe de 1964. No exílio, entre 1964 e 1976, trabalhou como professor universitário em diversos países latino-americanos. Após a abertura, exerceu os cargos de vice-governador do Rio de Janeiro (1983-1986) e de senador da República (1991-1997). É autor de uma vasta obra nos campos da antropologia, da etnologia e da educação. Escreveu ainda ensaios e romances. Faleceu em Brasília em 17 de fevereiro de 1997.

 

SOBRE OS ORGANIZADORES

Andrés Kozel é sociólogo formado pela Universidade de Buenos Aires (UBA) e doutor em estudos latino-americanos pela Universidade Nacional Autónoma de México (Unam), com pós-doutorado no Colegio de México. É pesquisador no Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (Conicet) da Argentina, baseado no Laboratorio de Investigación en Ciencias Humanas da Universidad Nacional de San Martín (Unsam). É editor da coleção Pensamiento Latinoamericano da editora TeseoPress e da revista latino-americana de estudos das ideias Wirapuru.

Fabricio Pereira da Silva é professor da graduação em ciência política e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), e do Mestrado em Estudos Contemporâneos da América Latina da Universidad de la República (Udelar) do Uruguai. É doutor em ciência política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e pós-doutor pelo Instituto de Estudios Avanzados da Universidad de Santiago de Chile (Usach). É autor de Democracias errantes: reflexões sobre experiências participativas na América Latina (Ponteio, 2015) e América Latina em seu labirinto: democracia e autoritarismo no século XXI (Ponteio, 2019), além de ter escrito diversos trabalhos sobre teoria política, política latino-americana e pensamento latino- americano e africano.